Seis facções criminosas comandam Pernambués

 Seis facções criminosas comandam Pernambués

Niveio, Branco e Coelhão. Esses são os três criminosos já identificados pela Polícia Militar que participaram do tiroteio que levou à morte o barbeiro e eletricista Adalto César Santos, 26 anos, e deixou outras três pessoas baleadas, na manhã de anteontem, na Rua da Horta, em Pernambués. Os três fazem parte da facção Bonde do Maluco (BDM), um dos seis grupos que disputam o domínio de pontos de vendas de drogas no bairro.

O atentado foi uma reação a outro ataque, no sábado, quando o grupo deles foi atacado pelos ex-aliados da Rua da Horta, chefiados por Babalu, também do BDM.

Paulo Henrique Aquino Souza, o Niveio, 19, Wevison Flávio Andrade Ferreira, o Branco, 27, e Coelhão integram o bando de Reinaldo dos Santos Catureba, o Nal Catureba, e Tutuca – que cumpre pena no complexo penitenciário da Mata Escura. Os dois são líderes do Bonde do Maluco na Baixa do Manu.

Atentado
O motivo do rompimento entre os traficantes da BDM ainda é desconhecido pela polícia, mas, segundo o comandante da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pernambués), major Sérgio Mercês, no contra-ataque de anteontem, os traficantes da Baixa do Manu balearam quatro pessoas na Rua da Horta. “Estamos empenhando nosso efetivo para capturá-los. Dois deles já foram presos por nós (anteriormente)”, comentou o major.

No dia 2 de março deste ano, Branco e Niveio foram presos em flagrante com seis quilos de maconha na Baixa do Manu. Na ocasião, eles foram autuados por tráfico de drogas e encaminhados ao Núcleo de Prisão em Flagrante, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. A assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) não teve como informar quando Branco e Niveio foram soltos, pois o sistema estava fora do ar ontem. Em agosto de 2015, Niveio já havia sido preso no mesmo local, após trocar tiros com uma guarnição da Rondesp Central.

Segundo o major, além da morte de Adalto, outros dois assassinatos tiveram a participação de Niveio, Branco e Coelhão. O primeiro aconteceu em 25 de dezembro do ano passado, quando a doméstica Jucileide Jesus dos Santos foi baleada no peito na laje da casa da irmã.  Já Jamerson Santos de Jesus foi assassinado em 17 de janeiro deste ano.

Outros grupos
A Polícia Militar mapeou o tráfico de drogas em todo o Pernambués e descobriu que, atualmente, seis grupos disputam o controle das bocas-de-fumo no bairro. Na localidade de Barro, as vendas de entorpecentes são comandadas pelo traficante Pezão, que atua de forma independente.

Já as áreas de Rua das Flores e Manguinhos são comandadas pelos traficantes Pita e Ronaldo, ambos da facção Caveira. Na comunidade da Guiné, as ordens são dadas por Macaco e Tonhão, que fazem parte do Comando da Paz (CP). Em Saramandaia, Juninho é quem dita as regras. Igual a Pezão, ele trabalha de forma independente. Por fim, os dois grupos da BMD, na Rua da Horta e da Baixa do Cacau.

Inocentes
Aldo foi baleado por volta das 10h de anteontem. Os outros três homens feridos foram socorridos por populares. Roque Sandro Souza dos Anjos, 33, baleado no abdômen, e Edmilson Santos Rocha, 29, ferido no pé direito, estão internados no Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo a assessoria da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o estado de saúde dos dois é estável. Nem a Sesab, nem a Secretaria Municipal de Saúde têm informações sobre o paradeiro de Marlos Alves Conceição de Souza, 24, baleado na panturrilha esquerda no mesmo ataque.

Segundo o major Mercês, todos os atingidos eram inocentes. A esposa de Adalto, Diana dos Santos, contou ao CORREIO que o marido não tinha envolvimento com crimes. “Quando ele estava cortando o cabelo, vieram os homens com armas enormes e começaram a atirar. Os meninos correram, só que ele não correu porque sempre disse que ele não deve. E sempre me falou: ‘Se a polícia ou o ladrão entrar aqui atirando, não vou correr,  porque não devo. Se eu morrer, vão ter derramado o sangue de um inocente’”, citou ela. Adalto foi morto com oito tiros na frente de casa.

Bahia em Debate

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