Segundo dia de pré-Carnaval leva 35 atrações para a Barra

 Segundo dia de pré-Carnaval leva 35 atrações para a Barra

Uns vestiram as camisas de pequenos bloquinhos arrastados por nanotrios. Outros preferiram tirar a fantasia do armário: tinha Capitão América, Mulher Maravilha, baiana, gueixa, pirata…

Quando a veterana Caetanave desceu o Morro do Cristo em direção ao Farol da Barra, o microfone falhou. Num problema técnico, o som elétrico do microtrio foi-se embora. Mas alguém parou? De lá do alto, o mais animado era o homenageado da festa: aos 82 anos, Orlando Tapajós, que criou a Caetanave em 1972 e também dá nome ao circuito do Furdunço, não parou  um só minuto.

Acenava para o público e dançava ao som da banda, que foi pro chão puxar uma multidão que ditava o ritmo: primeiro, o Cassino do Chacrinha, depois Faraó Divindade do Egito, seguido dos outros hinos, como We Are Carnaval, Chame Gente… “Pra que trio elétrico?”, gritava uma foliã, em êxtase atrás dos músicos. A três dias da abertura oficial da folia de momo, a Barra, ontem, já respirava Carnaval.

O segundo ano de Furdunço no pré-Carnaval soteropolitano começou por volta das 15h30, quando o Maestro Fred Dantas comandou, com sua batuta, os músicos da Oficina de Frevos e Dobrados do Clube Espanhol até a Barra.

Atrás deles vinham os Bonecões em Folia e a Cia de Danças e Folguedos, enchendo de cor e brilho o percurso de 1,5 quilômetro do novo circuito carnavalesco. Era só o começo da festa que entrou noite a dentro. Outras 34 atrações seguiram arrastando foliões de todas as idades e estilos.

Uns vestiram as camisas de pequenos bloquinhos arrastados por nanotrios. Outros preferiram tirar a fantasia do armário: tinha Capitão América, Mulher Maravilha, baiana, gueixa, pirata, saci-pererê e até um boneco do ex-ministro Joaquim Barbosa.

Festa para todos
O engenheiro Darlan Amorim, 31, foi com a família inteira. “Para mim, o Furdunço é o melhor da festa que tem no Carnaval de Salvador”, disse. Sem muito aperto, mas cheio de animação, o ambiente era o ideal para quem queria antecipar o Carnaval, mas sem enfrentar o empurra-empurra tradicional da festa.

A doméstica Edneuza Fernandes, 49, foi com a filha e amigas com um só objetivo: assistir à passagem de Carlinhos Brown. E lamentou não ter chegado antes para poder ficar  perto do cacique. Brown seguiu à frente da Caetanave até as imediações do Morro do Cristo.

Marchinhas
E já que o dia era de Furdunço, mistura e bagunça é que não podiam faltar. Em meio aos micro e nanotrios que entoavam marchinhas e sucessos carnavalescos, o trio da banda de pop-rock Os Informais deu conta de contemplar os amantes do ritmo. Alex da Costa e o Coreto Elétrico também agitaram os que gostam de um forró.

Para os mais tradicionalistas, quem garantiu a festa foram os Irmãos Macedo, do alto da Fobica, criada em 1950. Tinha até bloquinhos dedicados a um único artista. Fãs da cantora Daniela Mercury vestiram camisas com o rosto da artista e levaram um boneco em tamanho real dela para a rua. Batizado de Microtrio da Rainha Má, o grupo era animado no gogó e na palma da mão.

Mais furdunço
Até as 18h de ontem, 15 das 35 atrações programadas para o Furdunço já tinham saído. O público ainda aguardava a passagem de atrações como Durval Lelys,  Orquestra de Pandeiros, Alavontê e BaianaSystem. O Furdunço acontece de novo na sexta-feira de Carnaval, às 14h, no Campo Grande, com 34 atrações.

Crianças e idosos roubam a cena
Enquanto uma multidão descia frenética do Clube Espanhol até o Farol da Barra atrás do nano e microtrios, o Furdunço mostrava ser diversão garantida para todas as idades. Ontem à tarde, a criançada disputava o posto de foliões mais animados da festa com os representantes da terceira idade.

A pequena Isadora Amorim, de 5  anos, escolheu a fantasia de Mulher Maravilha e foi, com a mãe o pai, curtir o primeiro Carnaval. “Está legal, tia”, resumiu, de olho nos Bonecões em Folia, ainda tímida.

Timidez, aliás, que passou longe do garoto Diogo Reis, 4. Não foi o primeiro Carnaval dele. No ano passado, garante o pai, o motorista Edson Reis, 29, Diogo já estava no Furdunço. Este ano, ele  foi para a Barra com a própria guitarra elétrica.

Quem também não perdeu o ritmo foi a aposentada Zenaide Lemos, 67.  “Desde que eu me entendo por gente que eu pulo Carnaval. Eu saio todo ano no Bloco da Saudade. Agora, pela primeira vez, vim para o Furdunço e achei maravilhoso”, disse, vestida numa camisa do  Nano Trio e Garâmpiola. Em Ondina, uma senhora chamou a atenção dos foliões ao rodopiar nos braços de Carlinhos Brown.

‘A rua é o  palco do Carnaval’, diz prefeito
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse ontem considerar o Furdunço e o Fuzuê elementos consolidados do Carnaval de Salvador e conquistas que permanecerão vivas, independente de quem esteja à frente da prefeitura. Segundo ele, os dois eventos, que compuseram o pré-Carnaval de 2016, são importantes para movimentar a economia da cidade.

“Eu tenho conversado com os hotéis e as empresas que trabalham com o setor turístico e está todo mundo muito satisfeito.Em geral, o Carnaval deste ano está 25% mais vendido que o Carnaval do ano passado e essa antecipação contribui para isso. São mais dias das pessoas trabalhando, é mais movimentação econômica para a cidade, é mais criação de emprego num momento tão difícil economicamente para o país”, disse.

Segundo o prefeito, a expectativa ontem era dobrar o público do Furdunço do ano passado. Para o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, 600 mil pessoas deveriam passar pelo Circuito Orlando Tapajós ontem – em 2015, com 28 atrações, o Furdunço reuniu 300 mil pessoas. “A rua é o grande palco do Carnaval”, disse ACM Neto. “Eu acho que é uma tendência o artista estar mais próximo do folião, ter mais espaço para quem está na rua, não ter corda para dividir quem está dentro e quem está fora do bloco. É o Carnaval de Salvador voltando às suas origens e projetando o seu futuro”, concluiu.

Ele acompanhou o Furdunço entre o camarote da prefeitura e o Pier 345, com o pai, o presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Junior, a mãe, Rosário Magalhães, e secretários, como o titular da Sucom, Silvio Pinheiro.

Bahia em Debate

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