Programa ensina baianas a transformar azeite de dendê em sabão
A Prefeitura está desenvolvendo uma das ações de um programa inédito com foco em promover o destino de óleos e gorduras residuais. A proposta, idealizada pela Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) em parceria com a Unifacs, tem como foco principal o reaproveitamento de azeite de dendê o transformando em sabão e reduzindo impactos ambientais na capital.
O programa Óleos e Gorduras Residuais (OGR), voltado para o azeite, é pioneiro no país e começou a capacitar baianas de acarajé. Neste primeiro momento 120 baianas aprendem a transformar azeite de reuso em sabão. Além da confecção do produto, o curso também aborda a importância da baiana na cultura local, sustentabilidade, economia circular, técnicas de estratégia comercial e marketing e política de preços.
O treinamento ocorre em um dia e a parte prática, da transformação da matéria-prima em sabão, é ensinada em um laboratório de química da instituição. Serão formadas diversas turmas com 15 baianas, todas as quartas-feiras, até junho.
Membro da diretoria da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam), Angelimar Trindade Santos afirmou que a formação tem um conteúdo rico e que vai agregar muito no cotidiano das participantes. “Nosso dever como associação é conscientizar as baianas de que é preciso fazer o descarte apropriado do azeite. Essa parceria da Prefeitura está dando a oportunidade de trazer as baianas para um laboratório e ver como esse azeite vai se transformar em outro produto. Vai ser bom para o uso doméstico e também para ganhar algum dinheiro com sabedoria”, afirmou.
Baiana que atua na praia de Amaralina, Neinha do Acarajé afirmou que a iniciativa municipal vai gerar bons frutos para as baianas, mas também para o meio ambiente. “É um outro tipo de renda que vamos ter. Esse curso vai ser muito importante para nós e espero que esse incentivo continue porque utilizamos muito o azeite no nosso dia a dia. Tivemos uma conversa muito positiva sobre como cuidar do meio ambiente reaproveitando o azeite, sobre usar mais papel do que plástico no tabuleiro, o descarte correto da palha”, contou.
Sustentabilidade e meio ambiente – Para o titular da Secis, Ivan Euler, iniciativas inovadoras como esta são fundamentais para promover a sustentabilidade na capital. “Salvador tem assumido diversas pautas de vanguarda na área ambiental e essa é mais uma, que está intimamente ligada à nossa cultura, já que o dendê é algo que faz parte do dia a dia dos baianos e baianas. Muitas vezes o resíduo do dendê é descartado de maneira incorreta, o que pode gerar prejuízos ambientais. Essa destinação que nós estamos promovendo em parceria com a Unifacs é única e permite transformar esse resíduo em barra de sabonete”, avaliou.
O gestor também explicou o motivo de escolher as baianas para participar desta ação. “Estamos trazendo as pessoas que têm maior conexão com esse óleo, que são as baianas, para aprenderem a realizar esse procedimento. Então temos sustentabilidade, cultura e desenvolvimento econômico interligados”, completou.
Coordenadora do Centro de Capacitação Profissional (CCPU) da Unifacs, Tatiana Spinola explicou que a instituição busca se aproximar da comunidade através da oferta de cursos e treinamentos nos seus diversos laboratórios. Além disso, os projetos que a instituição desenvolve, como este em parceria com a Prefeitura, buscam contribuir para o desenvolvimento sócio econômico de grupos mais vulneráveis trabalhando com as ODS, a sustentabilidade e a economia circular.
“Há um descarte muito grande do azeite de forma inadequada, gerando poluição. A ideia é transformar esse azeite em sabão para que ele também venha a ser mais uma fonte de renda para a baiana. Seria mais um produto disponível no tabuleiro”, finalizou.
Além do treinamento das baianas, o programa prevê ações como a entrega do azeite na Casa So+ma. Ou seja, o cidadão poderá trocar não apenas os itens recicláveis já habituais como também o azeite. O material coletado será direcionado para cooperativas que poderão vender o insumo para ser transformado em biodiesel ou também ser convertido em sabão.
Reportagem: Joice Pinho/Secom PMS