Lula diz que será candidato à Presidência em depoimento à PF
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse durante depoimento à Polícia Federal (PF), na Operação Lava Jato, que será candidato à Presidência da República em 2018. Lula já tinha cogitado esse interesse, mas não tinha confirmado que tentaria voltar ao governo.
O petista afirmou que decidiu concorrer por ter sido desrespeitado. “Não poderiam entrar num restaurante, não poderiam sair na rua, não poderiam ir pra lugar nenhum. É o que estão tentando fazer comigo agora, só que o que estão tentando fazer comigo vai fazer com que eu mude de posição, eu que estou velhinho, estava querendo descansar, vou ser candidato à Presidência em 2018 porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim, vai aguentar desaforo daqui pra frente. Vão ter que ter coragem de me tornar inelegível”, disse ele, conforme transcrição da fala de Lula, disponibilizada pela Justiça Federal nesta segunda, 14.
No depoimento, o petista também disse que espera que alguém lhe peça desculpas por conta da investigação e condução coercitiva: “Eu espero que quando terminar isso aqui alguém peça desculpas. Alguém fale: ‘Desculpa, pelo amor de Deus, foi um engano'”.
O ex-presidente é investigado por supostamente ter recebido vantagens indevidas, como um apartamento e reformas de imóveis, além de doações e pagamentos por palestras. As vantagens teriam sido pagas por empreiteiras investigadas na Lava Jato.
Lula nega que seja dono dos imóveis. Durante depoimento, Lula disse que o Ministério Público de São Paulo terá que comprovar que o tríplex no Guarujá, que policiais federais afirmam que ele recebeu da OAS, é dele. “Se você está atrás da verdade, você mande prender um cidadão do Ministério Público, que diz que o apartamento é meu, mande prendê-lo”.
Sobre as doações, Lula alegou que o Instituto Lula recebe dinheiro, mas que não há contrapartida. Ele afirmou que é normal que empresas façam doações para fundações e institutos. Mas que é necessário pedir dinheiro, porque essas doações não são voluntárias.
De acordo com Lula, a diretoria financeira do Instituto era responsável por isso. Lula nega que já tenha solicitado dinheiro. “Não faz parte da minha vida política (pedir dinheiro). Desde que estava no sindicato eu tomei uma decisão: eu não posso pedir nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das pessoas”.
Ele também explicou que não sabe como essa verba é gasta, já que é apenas presidente de honra, portanto, não interfere nas decisões da entidade.
“… No instituto hoje eu sou só presidente de honra e você sabe que se um dia você for presidente de honra da Polícia Federal aqui você não representa mais nada, ou seja, então o presidente de honra é um cargo de honra só, eu não participo das reuniões da diretoria, eu não participo das decisões, porque o instituto tem uma diretoria própria”, afirmou.
Lula lembrou que o Instituto é presidido por Paulo Okamato e que ele e os outros membros da diretoria que tomam as decisões sobre a entidade. O petista afirmou que é apenas a “cara” do instituto e que não gosta de participar das reuniões da diretoria, porque acha que os diretores “têm que ter autonomia”. “Como eu sou uma figura muito forte, se eu participo das reuniões, ou seja, dá a pressão que o que eu falar vira lei, então eu não participo que é para eles tomarem as decisões que entenderem corretas para o instituto”.
Lula também foi questionado sobre os valores repassados pelo Instituto Lula e pela Lils, empresa de palestra do petista, para a G4 Entretenimento e Tecnologia, que pertence ao filho do ex-presidente. De acordo com as investigações, a empresa teria recebido R$ 1 milhão do Instituto Lula.
“Se a G4 prestou serviços para o instituto, se ele prestou serviços, o instituto paga corretamente os serviços prestados”, disse. Ao ser questionado, o serviço que foi prestado, o petista afirmou que está relacionado a produção de filmes e estudos para o Memorial da Democracia.
Lula disse que o dinheiro recebido por suas palestra fica com a Lils e serve como uma “poupança” caso o Instituto precise de verba para se manter. “Ela (a receita de palestras) fica na Lils e vai ser utilizada quando todas as empresas que vocês estão destruindo nesse país não puderem contribuir mais financeiramente, o dinheiro vai ser utilizado para manter o instituto”.