Garçom agredido em Itapuã teve inscrição “bang-bang” marcada na testa: “foi uma facção”, diz amiga

 Garçom agredido em Itapuã teve inscrição “bang-bang” marcada na testa: “foi uma facção”, diz amiga

O vendedor e garçom Romário Ferreira da Silva, 26 anos, que foi brutalmente agredido na madrugada deste domingo (4), durante um assalto em Itapuã, foi marcado com um carimbo na testa, com a inscrição em vermelho “bang-bang”.

“Eu saí com a roupa mais pobrezinha que tinha. Tenho plena consciência de que não foi por causa de marca de roupa. Isso foi um crime de homofobia”, denunciou Romário, que é de Recife e mora em Salvador há um ano, por motivo de trabalho.

O crime aconteceu na Rua Professor Souza Brito, por volta das 3h, depois da vítima sair de uma confraternização com amigos no bar Villa Bahiana. “A gente desconfia que foi uma facção. Ninguém faz isso por acaso: pega um homossexual, bate muito, continua perseguindo ele pra bater mais e marca o rosto dele com um carimbo. Foi tão grave a agressão que ele podia vir a óbito. Não é um ato de mero vandalismo”, avalia uma amiga que pediu para não ser identificada.

O crime
O que era para ser uma noite de descontração com os amigos em um bar, acabou com o rapaz ensanguentado e correndo nu pela rua, pedindo socorro, depois de ter sido espancado com um coco e agredido com uma garrafa de vidro. O bandido levou o pouco dinheiro da vítima, R$ 35, e até suas roupas: uma blusa preta manchada, uma bermuda e sandálias havaianas.

Enquanto Romário aguardava um táxi na rua, próximo ao acarajé Cira, foi anunciado o assalto. Ele conta ainda que os dois seguiram andando e viraram em uma rua deserta à direita, onde o assaltante começou a agredí-lo, gratuitamente. Até que Romário teria implorado para que o assaltante levasse o único dinheiro que ele tinha. Depois de entregar os pertences, a vítima foi agredida com um coco na cabeça e caiu.

Quando conseguiu se desvencilhar, a vítima saiu correndo completamente nua, pedindo socorro. “Ninguém me ajudou. O pessoal de um prédio viu, mas correu para se proteger, como é nesse mundo do cada um por si. Depois um mendigo me viu e perguntou o que tinha acontecido. Quando comecei a contar, ele disse ‘ah, você é homossexual, quero que você morra!’”, lamentou a vítima.

Depois de conseguir chegar a pé no condomínio onde mora, em Itapuã, Romário foi socorrido por amigos que chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O rapaz foi levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi atendido e liberado por volta das 16h de ontem.

“Recebi alta, graças a Deus, e já estou em casa. Mas meu rosto está horrível, nunca passei por isso…”, lamentou Romário, que ficou severamente machucado. “Agora ele está bem, porque já está em casa. Mas Romário está muito abalado…”, disse a amiga da vítima.

A ocorrência foi registrada na 12ª Delegacia de Itapuã e o agressor continua foragido.

Bahia em Debate

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