Desfile de 2 de Julho : Retoques finais nos caboclos
Em carroças lusitanas, arrancadas à força, o Caboclo e a Cabocla fazem, todos os anos, o percurso da Lapinha ao Campo Grande, revivendo o desfile do Exército que libertou a Bahia da condição de província portuguesa, em 2 de julho de 1823.
Os caboclos e suas carroças são alegorias em que cada elemento é simbólico. “Na frente, dois anjos anunciam a vitória do Exército. Logo depois, fica uma armadura, canhões, balas e espadas portuguesas. Atrás ficam nomes de navios que participaram das batalhas”, ensina Argolo.
O Caboclo desfila cravando sua lança em um dragão, que representa a tirania portuguesa. Ele, aliás, é símbolo da participação do povo indígena na guerra, homenageado em diversos monumentos pelo estado.
Vinte anos atrás, Argolo foi convidado para fazer a restauração dos monumentos. “Estavam muito danificados por conta de anos de restaurações em que apenas se aplicavam camadas de tinta”. “Tiramos essas camadas e recuperamos uma escultura erudita. Por isso que podemos ver os olhos de vidro, a tanga azul do Caboclo, o saiote da Cabocla”, conta o restaurador. Após o trabalho, que durou cerca de um ano, Argolo segue fazendo a conservação das esculturas.
Os monumentos do 2 de Julho pertencem ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que encomendou o Caboclo em 1826. “Antes do Caboclo, saía um homem vestido de índio, em uma das carretas tomadas dos lusitanos”, conta Argolo. A Cabocla foi encomendada em 1846.
Este ano o tema do desfile é Caboclos – Símbolos da Liberdade!”. O artista incumbido de desenvolver a identidade visual e decoração do percurso, J Cunha, elogiou o tema. “A figura do Caboclo/a é o tradicional símbolo da liberdade que percorre as ruas, coroado com um cocar que traz as cores das bandeiras: baiana e brasileira”. J Cunha também realizou três dias de oficinas com cerca de 25 estudantes da rede municipal, para que eles confeccionassem alguns estandartes que irão decorar o trajeto.