Dentro e fora dos circuitos: veja como manter a casa segura durante o Carnaval
Sete dias de folia, sem atentar-se aos cuidados com a casa, podem ser mais danosos do que uma ressaca na Quarta-feira de Cinzas. Para quem mora nos próprios circuitos e faz a festa na varanda de casa, por exemplo, é preciso seguir algumas recomendações para que a folia não termine com acidentes. Para os que preferem se ausentar da cidade e deixar a casa, deve-se ter atenção de como ficará o imóvel ao se ausentar. Manter eletrônicos ligados à energia elétrica, principalmente em casos de ligações inadequadas pode provocar incêndios.
No circuito Osmar, que corresponde as vias do Centro Antigo da capital, há imóveis que são próximos da calçada e da rede elétrica. Neste caso, mesmo com a euforia dos trios passando lado a lado e ficando cara a cara com as músicas e vozes do Carnaval, a recomendação, de acordo com o Gerente do Departamento de Segurança da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), Ramon Lacerda, é de não jogar serpentinas ou objetos pela janela. As serpentinas, principalmente as metálicas, podem resultar em curto-circuito e até mesmo rompimento da rede. Além das serpentinas, o folião não deve por enfeites na rede elétrica e os blimps (balões) e placas de propagandas não devem tocá-la. De acordo com o gerente, os objetos podem ficar presos e acabarem se tornando condutores de energia e ocasionando acidentes. Para quem está nos camarotes ou em casa, na janela ou varanda, não se deve jogar jatos d’água na rede elétrica.
O corretor de imóveis, Carlos Costa, 57 anos, durante o ano usa o escritório, que tem na Avenida Sete de Setembro, no Centro, mas no Carnaval o transforma em camarote/apartamento para aluguel. Na fachada, bem de frente para folia, há fios de energia. Ele conta que passa a recomendação para os inquilinos temporários de não jogar objetos pela janela.
“Alugo a sala há dez anos e nunca tivemos qualquer problema relacionado a isso. Passo a orientação de não jogar serpentinas e o próprio prédio controla a entrada e saída de pessoas para evitar aglomerações e possíveis problemas”, explica. O local, que tem quatro salas, acomoda até cinco pessoas, cada.
Os cuidados com a segurança no apartamento, inclusive, são formalizados no contrato de aluguel temporário em algumas situações, como é o caso do representante comercial Ariel Brandão. “Quando alugamos já criamos um contrato que prevê situações como essas [de cuidados com a segurança e do imóvel], então eles já alugam cientes dos cuidados. Em uso pelos inquilinos, recomendamos sempre que não deixe nada ligado ao sair do imóvel, porque pode acontecer de alguém se esquecer e deixar luzes ou forno ligado. Quando está sem uso, desligamos na caixa de energia, até mesmo para não gerar custos”, revela.
Lacerda pontua também que se deve ter atenção as conexões de energia, como o uso dos benjamins (ou ‘T’). “As construções, principalmente as mais antigas, costumam usar muito este instrumento, mas é preciso ficar atento ao manipulá-lo, porque o mesmo pode derreter e levar a combustão. Sempre que sair, as pessoas devem retirar os eletrônicos do conector, ainda que estejam desligados”, alerta.
Outra recomendação é atenção às crianças diante das conexões de energia e durante no uso de equipamentos elétricos, principalmente após o banho. “As pessoas devem ter cuidado ao manipular os equipamentos. Não se pode, ao sair do banho, por exemplo, conectar qualquer equipamento estando molhado, como os carregadores de celular, à rede”, completa.
Folia no chão
Para quem está literalmente no meio do circuito, no chão, deve-se evitar subir em postes, marquises e árvores que estão próximos da rede elétrica. Em caso de fio caído, o folião não deve se aproximar ou tocar. “Sempre orientamos não se aproximar do fio, porque não sabemos a procedência, neste caso o folião pode contar com os colaboradores da Coelba no circuito ou ligar para companhia e notificar”, pontua o gerente.
E, na hora da selfie, deve haver atenção também. Nada de aproximar os paus de selfie, principalmente os metálicos, em qualquer parte da rede elétrica, porque há risco de choque elétrico. E, sobretudo para quem vai trabalhar no comércio de rua, não pode fazer ligações clandestinas de energia. “Além de colocar a vida em risco, é crime”, alerta Lacerda.
De acordo com a Coelba, foi feito um trabalho de prevenção nas redes elétricas na região da folia. Próximo ao retorno dos trios, na altura do Edifício Sulacap, foram instalados cabos compactos, que são mais agrupados, o que torna maior a distância em relação às vias de acesso dos trios. Houve também substituição da rede elétrica convencional por uma protegida, no Largo Dois de Julho e nas transversais da Rua Carlos Gomes e Avenida Sete de Setembro.
A Coelba realizou também outras medidas preventivas, como a realocação de redes no circuito Dodô (Barra Ondina) e a substituição da rede aérea pela subterrânea. Foram instalados sinalizadores de tensão e espaçadores nos circuitos.
Fora da cidade
Para quem costuma deixar a cidade no período da folia ou que mantém imóveis fechados não é recomendado deixar os equipamentos ligados na tomada. A medida, além de poupar energia, reduz acidentes. “Pedimos que as pessoas, ao invés de deixar uma luz ligada por temer ação de criminosos, que contem com a ajuda do vizinho. Ele pode observar o local e se notar alguma anormalidade, procurar ajuda”, recomenda Lacerda.
Manter eletrônicos na tomada pode levar, em caso de alguma instabilidade na rede, a danos no equipamento. “As pessoas podem deixar apenas a geladeira ligada e desligar todo o resto, inclusive os em standby”, completa.
Para o Consultor de Vendas, Tiago Brito, 35 anos, o comportamento com o imóvel – que fica na região do Circuito Dodô, na Barra – que normalmente fica fechado é de manter tudo desligado e atentar-se principalmente com o gás canalizado.
“No Carnaval, alugo o meu apartamento e o do meu irmão, que fica fechado, porque ele mora na Europa. Mantenho todos os aparelhos desligados e não deixo nem mesmo no standby. Minha maior preocupação é com o gás, que mesmo quando alugo, oriento para ter atenção”, conta.
Quando decide passar o Carnaval fora, o Autônomo, Leonardo Gonçalves, 32 anos, segue alguns cuidados tanto ao alugar, quanto quando deixa o imóvel. “Costumo alugar o apartamento e viajar para o exterior neste período. Quando não conseguimos alugar e viajamos, deixamos tudo desligado, inclusive a geladeira. Ao alugar, mantemos as pessoas em contato com o pessoal do condomínio, que passa todas as orientações de segurança”, diz.
O alerta, para manter a casa segura nos dias de folia é também para a combinação de energia elétrica com gás, que pode provocar acidentes. Neste caso, o gerente sugere que se escolha alguém, principalmente em grupo, para fazer uma verificação ao sair de casa. “É importante ter uma espécie de guardião para checar se não deixou a geladeira semiaberta, o fogão ou luzes ligadas, a medida evita acidentes”, explica.