Ônibus de Pero Vaz mudam rota e fazem final de linha no IAPI

 Ônibus de Pero Vaz mudam rota e fazem final de linha no IAPI

Os ônibus que fazem linha no bairro Pero Vaz, em Salvador, mudaram a rota na manhã desta quinta-feira (12) e estão indo até o final de linha do IAPI. A informação foi confirmada pela Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador). O Sindicato dos Rodoviários de Salvador informou, na manhã de hoje, que o serviço só irá retornar a normalidade quando a segurança for restabelecida no bairro.

” O sindicato não sentiu clima de segurança e nós resolvemos mudar. Não podemos deixar de oferecer o serviço à população, mas também precisamos prezar pelo nosso bem maior que é a vida. Entramos em contato com a PM, eles informaram que iriam reforçar, vimos o reforço, mas avaliamos que ainda é melhor não rodar por lá, pois se tiver alguma troca de tiros, não tem como proteger ninguém. Vamos deixar a polícia trabalhar e, logo depois, vamos voltar”, explicou Fábio Primo, vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários.

Ontem, por conta do clima de insegurança, o final de linha dos ônibus nos bairros de Santa Mônica, IAPI e Pero Vaz, além do Pau Miúdo, também foram modificados. Criminosos da região decretaram um toque de recolher nos bairros e uma onda de boatos tomou conta de uma área onde vivem, aproximadamente, 95 mil pessoas, segundo o IBGE.

Segundo um motorista que não quis ser identificado, pela manhã, motoristas que pararam no final de linha de Santa Mônica foram ameaçados. “Dois homens chegaram em uma moto e disseram que não era para parar no final de linha. Quem parasse eles iam botar fogo nos ônibus. Por conta disso, antecipamos o local da parada para a frente do condomínio Conjunto Bahia”, relatou.

Sobre a mudança do itinerário, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) informou que “as empresas não foram multadas e sim autuadas, para que voltem a cumprir o itinerário”. Além disso, também informou que solicitou à Secretaria da Segurança Pública (SSP) “um reforço policial nos finais de linha para que a situação se normalize”. Questionado, Hélio Ferreira disse ainda não ter conhecimento das autuações.

Toque de recolher
Além de grande parte do comércio, postos de saúde fecharam as portas e muitos pais foram buscar os filhos na escola, durante uma ação coordenada por uma quadrilha em represália à morte de um integrante do bando na véspera, em troca de tiros com policiais militares na Rua Mário Kertész, na Santa Mônica. No bairro, os  ônibus pararam de ir até o final de linha, por volta de 7h30, quando, segundo rodoviários,  surgiu o boato de que os veículos poderiam ser incendiados. O clima de tensão deixou várias ruas completamente vazias e o policiamento foi reforçado.

Durante a ação na véspera, que motivou a reação dos criminosos, um suspeito foi preso e dois foram baleados  – sendo que um deles acabou morto.  Segundo a assessoria da PM, guarnições da 37ª Companhia Independente de Polícia Militar (Liberdade) foram recebidas a tiros por  cerca de 15 bandidos armados, reagiu à ação e matou um indivíduo de prenome Augusto, membro da quadrilha.

Escolas e postos
Além do fechamento de grande parte das lojas do comércio de rua, três postos de saúde também paralisaram o atendimento e, nas escolas, muitos alunos se ausentaram. Segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smed), as 18 escolas municipais na região mantiveram o funcionamento ao longo do dia, mas registraram baixa frequência.

A Smed também informou que as escolas vão funcionar normalmente hoje. A Secretaria da Educação do Estado (SEC) declarou, em nota, que “as unidades escolares funcionaram com baixa frequência” e informou que já acionou a Ronda Escolar para garantir a segurança dos estudantes e servidores.

Pai de um aluno, um morador do Pero Vaz, que preferiu não se identificar, afirmou ter visto suspeitos em uma motocicleta ordenando o toque de recolher no bairro.  “Deixei meu filho na escola e, na volta, vi dois caras em uma moto fazendo sinal para os comerciantes fecharem as portas. Pouco tempo depois, estava tudo fechado”, relatou.

Segundo o pai de outro estudante, também no Pero Vaz, os bandidos chegaram a ligar para uma escola para fazer ameaças. “Os caras que mandam aqui ligaram para fechar a escola. Se não liberasse os alunos, iam invadir a escola. Tive que ir buscar meu filho de 12 anos correndo. Ligaram de lá pedindo para ir buscar”, disse.

Mesmo sem ser intimado a fechar o estabelecimento, um comerciante  preferiu não arriscar.  “Eu cheguei a abrir o mercadinho, mas por volta das 8h50 os colegas começaram a baixar as portas, dizendo que era toque de recolher. Depois disso, o bairro ficou deserto”, relatou um empresário do Pero Vaz, sem se identificar.

Quem precisou de atendimento médico e procurou a Unidade de Saúde da Família de Santa Mônica, a UPA da San Martin e o Centro de Saúde Bezerra Lopes, na Liberdade, encontrou as unidades fechadas.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para garantir a segurança de pacientes e funcionários, o atendimento nos locais foi suspenso. A SMS informou ainda que a reabertura dos postos ocorrerá após a normalização da segurança nos bairros afetados.

Bahia em Debate

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