Um incêndio de grandes proporções atingiu a Marina Bonfim, localizada na Rua Arthur Matos, na Cidade Baixa, em Salvador, na tarde desta quinta-feira (22). De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas atingiram embarcações que ficam no estaleiro.
O presidente da Associação Clube Náutico Flotilha de Lanchas da Bahia, Darlan Ribeiro, informou que o fogo alcançou mais de 30 das 50 embarcações que estavam no local. Já o major do Corpo de Bombeiros Militares responsável pelo combate às chamas, Roberto Lima, afirmou que entre 25 a 30 lanchas foram atingidas pelas chamas.
“São lanchas de pequeno, médio e grande porte.Tem gente aqui que teve perda total e isso está preocupando, porque algumas embarcações não têm seguro. Mas vamos tentar tomar providências”, comentou Ribeiro. Ainda segundo ele, o espaço pode comportar mais de 200 embarcações.
A fumaça forte que se espalha assustou moradores da região e pôde ser vista até da Avenida Contorno, que fica a oito quilômetros de distância.
Conforme o Corpo de Bombeiros, três equipes já foram deslocadas para a região. Há no local, ainda, um caminhão do Exército. O Centro de Comunicação Integrada da Secretaria da Segurança Pública (Cicom-SSP) informou que o fogo começou por volta das 13h40. Não há informações sobre feridos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não foi acionado, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Além do estaleiro, o incêndio também afetou a casa do soldador Adson Reis, 21, onde ele vive com o pai e a mãe. O imóvel fica no fundo do estaleiro e teve parte da estrutura atingida. “Muito calor nas paredes, a fumaça invadiu toda a casa e as paredes ficaram pretas, a pintura ficou estalada”, contou Adson.
Segundo ele, o dono de uma das lanchas, que não se identificou, foi até a casa dele e disse que pagaria o prejuízo. Depois disso, o homem foi embora. “O dono de uma lancha aí disse que vai dar algum retorno, só que até o momento não veio. A dele teria começado o incêndio e ele disse que ia ajudar os custos”, comentou o rapaz.
Junto com um tio, Adson ajudava a apagar as chamas jogando água e areia, já que os pais dele não estavam em casa. Por volta das 17h, o Exército evacuou a área. As embarcações que ficaram inteiras foram colocadas no mar para abrir espaço no local afetado.
No final da tarde, a enfermeira Shirlei Sanches, dona de uma das lanchas, esperava para poder entrar na marina e tirar fotos do que sobrou. Ela iria mandar as fotos para o advogado e garantir na Justiça o ressarcimento do seu prejuízo, avaliado em mais de R$ 70 mil.
“Eu tava vendendo ela, mas nem consegui ver se a lancha está queimada. Mas acho que está. Ela estava dentro do galpão, atrás daquela lá”, disse, com semblante triste, apontando para uma lancha da qual só sobrou a carcaça. A lancha era uma herança do falecido marido, que morreu em 2013 de câncer. A embarcação não tinha seguro.
Já para o empresário Vinícius Nogueira, a história terminou com um final feliz. A lancha do seu sogro, avaliada em 500 mil reais, estava intacta, para alívio da família. A embarcação não tinha seguro. “Conseguimos tirar a tempo. Eu e p éssoal do Belvedere, Estaleiro, Pedra Furada. Agora eu continuo aqui, dando um apoio”, falou o homem que ajudava a colocar as lanchas que estavam na marina na água.
Ajuda
A psicóloga Graciele Gentil, 25, mora na frente do estaleiro. Ela conta que começou a ver os primeiros sinais de fumaça por volta de meio-dia. “Eu estava na parte de cima da minha casa. Pensei até que tivessem queimando pneu, mas a fumaça preta foi aumentado e as explosões também. Tá todo mundo com as janelas fechadas por causa da fumaça”, contou ela.
Ainda segundo Graciele, uma senhora chegou a passar mal por causa do fogo. “Uma mulher desmaiou, mas o pessoal levou ela pro hospital. Tem muita gente aqui ajudando a acabar com o fogo. Já tiraram umas 20 lanchas de lá”, disse, no final da tarde.
Morador da região, Devid Teles, 34, foi uma das pessoas que ajudou a retirar as lanchas do local. Ele afirmou que chegou a ver quando a primeira lancha começou a ser atingida pelas chamas. “Eu vi que pegou na primeira lancha lá no fundo. Aí foi pegando uma na outra. A comunidade que chegou retirando embarcações”, disse.